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24 de abril de 2014

"Inatividade Paranormal 2" Zoa o Racismo, Mas se Perde na Repetição

As caretas de Waynes são metade do filme
Há uma lei não escrita de que, se detectada uma tendência no cinema hollywoodiano, haverá uma paródia lançada algum tempo depois. Combinado com o fato de que se o filme for barato e acabar gerando milhares de vezes a sua receita, uma continuação será aprovada, chegamos ao fato de que, sim, há um "Inatividade Paranormal 2", franquia que marcou o retorno de um dos irmãos Wayans, o Marlon, ao universo das paródias - a última havia sido "Todo Mundo em Pânico 4".

A continuação segue mais ou menos do ponto que a outra terminou, com Malcolm, papel de Wayans, tentando se livrar do espírito que se apossou do corpo de sua mulher. As coisas, claro, dão errado. Um ano depois ele está novamente de mudanças com sua nova família, que inclui Megan e seus dois filhos, Becky e Wyatt, vividos por Jamie Pressly, Ashley Rickards e Steele Stebbins. Mas logo o pobre descobre que não se livrou tão fácil assim do que estava atormentando ele.
A boneca de "Invocação do Mal"
Tudo não passa de uma desculpa para seguir tirando sarro dos últimos filmes de terror da temporada. O que é uma sorte para a continuação, já que "Invocação do Mal", "Sobrenatural" e "A Entidade" - para ficar nos mais óbvios e frequentes - são filmes sensivelmente melhores e mais inventivos do que "Atividade Paranormal". O que faz de "Inatividade Paranormal 2" um bocado melhor do que seu original, já de partida.
O pouco apuro estético do original também vai para as cucuias. O que quer dizer que segue a brincadeira de fazer o filme como se fossem filmagens encontradas, em estilo documental, mas a preocupação em justificar os enquadramentos diminui. Nenhum problema, na verdade, considerando que os filmes referenciados não usam esse artifício e que não há grandes motivos para levar nada disso a sério. Mas que incomoda um pouco, quem está acostumado a ter um olhar atento para esse tipo de coisa, isso incomoda.
A questão racial é o mote
O resto são variações sobre o mesmo tema, o que no caso de um roteiro que envolve um Wayans é se debruçar sobre estereótipos raciais. A piada funciona assim: você apresenta o clichê racial, o nega e o reafirma em seguida, buscando (nem sempre alcançando) desconstrução. Nesse sentido, é até um alívio que apareçam uma esposa branca e um vizinho mexicano, já que uma hora e meia das piadas do primeiro filme repetidas teriam ainda menos graça. Ainda assim, lá para a terceira ou quarta vez em que esse mesmo artifício é usado, você já começa a se entediar.

Então, como o humor se alterna entre o referencial ("hahaha, é a boneca de `A Invocação do Mal`") e da disputa racial, só 50% consegue atingir o grande público fora dos EUA. O que acontece, em parte, por essas piadas serem construídas dentro dos estereótipos raciais estadunidenses. Isso explica porque o primeiro filme, com um orçamento de US$ 2,5 milhões arrecadou US$ 40 milhões na terra do Tio Sam e apenas a metade no resto do mundo. E esse segundo não está dando mostras de ser diferente.
Fonte:POP

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